Frente Parlamentar traz à tona situação crítica da regularização fundiária em Blumenau

Foto/Denner Ovidio/Divulgação

A Frente Parlamentar em Defesa de Políticas Públicas da Habitação e Regularização Fundiária da Câmara de Blumenau realizou, na manhã desta quarta-feira (19), uma reunião para acompanhar o andamento das ações de regularização no município. Fazem parte do grupo os vereadores Flávio Linhares (PL), presidente; Silmara Miguel (PSD), vice-presidente; Bruno Win (NOVO), relator; Almir Vieira (PP); e Mário Kato (PCdoB), como membros.

Estiveram presentes representantes da empresa Frigo Engenharia, responsável pela execução do contrato de regularização fundiária. Também participou o diretor de Regularização Fundiária de Interesse Social do município, Maicon Rodrigo Soares e sua equipe.

O diretor da empresa, Gilvan Frigo, apontou que quando os trabalhos com o município iniciaram em 2021 se tinha o levantamento de desde 2010 que seriam mais de 40 mil imóveis irregulares em Blumenau. Esse levantamento foi atualizado para 60 a 70 mil imóveis irregulares na cidade. Explicou que a empresa tem no município contratos particulares com os moradores, sendo atualmente 17 áreas em protocolos junto ao município e mais algumas áreas ainda em trabalho de mobilização com as famílias. Apontou ainda que o edital de credenciamento junto ao município traz o projeto de regularização do Sol Nascente e do Morro da Pedreira, que é a contratação pública de contrato com o município em vigência.

O diretor ressaltou ainda o desafio que é trabalhar com a regularização, pois é um trabalho coletivo e que envolve projetos coletivos em que a empresa faz o meio de campo entre o poder público e a comunidade que tem o interesse em regularizar o imóvel, inclusive na mobilização, coleta documental e outros processos.

Questionamentos e ponderações dos vereadores

O vereador Almir Vieira fez um questionamento ao representante da empresa a respeito do procedimento que é adotado pela empresa quando ela entra na área de risco e faz um contrato com os moradores e qual o momento que a Prefeitura é informada disso. O representante da empresa explicou que contratualmente se tem um prazo legal de até 10 meses para executar o protocolo junto a municipalidade.

Almir Vieira apontou que a empresa faz a assinatura do contrato prevendo esse prazo e disse que se exime da responsabilidade jogando a responsabilidade para o município, mencionando ainda que nenhuma das 17 áreas atingiram o mínimo de 10 meses, alegando que isso é uma venda antecipada e o contrato leva os moradores a crerem que em 10 meses os moradores vão ter suas escrituras na mão e que o contrato não deveria ser firmado dessa forma, sendo que as obrigações contratuais da empresa são muito frágeis. Questionou a empresa se quando entra em uma área para fazer o processo de regularização se faz avaliações e levantamentos preliminares para saber se é área de risco, citando o Núcleo Michel.

O diretor da empresa explicou como acontece o processo de regularização em que primeiramente o morador demonstra o interesse, depois se cadastra a área internamente no sistema da empresa, os técnicos fazem uma análise preliminar da viabilidade e se é um núcleo que atende os requisitos legais do Reurb. Apontou que não será aprovada a regularização sobre a área de risco de deslizamento ou alagamento, conforme a legislação, mas poderá ser avaliado o nível do risco e desenvolvido um projeto para minimizar o impacto a ser avaliado pela municipalidade.

Disse que esses moradores serão retirados do projeto e não será vendida uma expectativa para a pessoa que não venha se cumprir. Dois lotes do núcleo mencionado pelo vereador estão em área de risco e apontou que não vai ser feita a negociação do projeto para participar da regularização, apontando que, como a legislação prevê, devem ser realocados e incluídos em algum programa de habitação do município. Antes de formalizar o contrato com a pessoa se faz a análise de viabilidade e oferece o trabalho técnico da empresa, sendo o levantamento topográfico, estudo preliminar de desconformidade e elaboração do processo de regularização para protocolar junto à municipalidade.

Ainda dentro do Núcleo Michel, o vereador Almir e outros fizeram questionamentos atendendo às demandas da população em relação à documentação preliminar pendentes que foram entregues pela empresa ao município, apontando ainda que prazos previstos no contrato já estão extrapolados e que, no fim das contas, quem acaba prejudicado é a população.

Diante das colocações, o diretor da empresa afirmou que essas críticas sobre o não cumprimento de contrato foram de forma generalizada, apontando que isso não está totalmente correto. Disse que tem certeza que foi cumprido a execução dos projetos. Ele se colocou à disposição para disponibilizar ao grupo todos os projetos e os núcleos elaborados em forma de relatório e dos documentos que foram elaborados, apresentando datas e os comprovantes dentro das prerrogativas legais, explicando se houve ou não o cumprimento sendo responsabilizado por isso. Também reconheceu que existe uma grande dificuldade na questão de recolhimento da documentação dos moradores, apontando dificuldades de comunicação.

Encaminhamentos e outras ponderações

O presidente Flávio Linhares - Flavinho apontou que ficou definido como encaminhamento a solicitação para a empresa dos contratos em andamento com as datas de assinatura e protocolos das 17 áreas, além de relatório financeiro com a informação dos moradores que estão pagando. Ressaltou ainda que a população cobra e questiona os vereadores para saber do andamento desses processos, onde estão parados, se é algum entrave na Prefeitura ou se é alguma devolutiva necessária e por isso a importância dessas informações. Os vereadores também frisaram a importância de uma comunicação mais clara e objetiva para a população e também aos legisladores, pois são questões técnicas e, às vezes de difícil compreensão, dando mais lisura e transparência a todo o processo.

O vereador Almir Vieira ainda pediu ao presidente que fizesse o encaminhamento da reunião para que nenhuma empresa feche contrato com núcleo na cidade sem ser dada ciência e autorização antecipada de todas as secretarias responsáveis, Esclareceu que a empresa não está credenciada no município para a totalidade dessas áreas, apenas dois contratos, e isso precisa ficar claro para todos, inclusive para os vereadores, munícipes e poder público, e os moradores se sentem obrigados a fechar com a empresa, sendo que existem outras empresas que fazem este trabalho no município.

O parlamentar ainda relatou outro problema que não é explicado aos moradores que é o termo de compromisso do morador, sendo que ao ser entregue a escritura a responsabilidade da pavimentação é dos moradores, e não da Prefeitura.

Outro ponto também discutido na reunião foi a reestruturação da diretoria para que os processos avancem e englobe técnicos de todas as áreas necessárias para resolver os processos com mais fluidez. 

José Carlos Goes

Sou locutor. Atuei em várias emissoras de rádio em Blumenau por quatro décadas. Atualmente trabalho na Massa FM de Blumenau e mantenho esse blog. Sou jornalista. Trabalhei em vários jornais impressos. Sou blogueiro.

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