Foto: Denner Ovidio |
O presidente da Associação Renal Vida, Dr. Luis Cláudio Francalacci ocupou a Tribuna Livre na sessão ordinária desta terça-feira (26). Ele abordou como tema principal a doação de órgãos, alusivo ao Dia Nacional da Doação de Órgãos, celebrado e servindo como reflexão no dia 27 de setembro.
O médico especialista na área de nefrologia, que também é membro do Grupo de Transplantes do Hospital Santa Isabel, destacou a doença renal crônica, comentando sobre a prevenção e conscientização. “A doença renal crônica frequentemente leva as pessoas a necessitarem de um transplante e aqui especificamente falando de um transplante renal. É uma condição caracterizada pela perda lenta e progressiva da função dos rins, muitas vezes, assintomática e irreversível”, afirmou Dr. Luís Cláudio, que ainda levantou a informação que 850 milhões de pessoas no mundo são afetados.
Outra informação apresentada foram as comorbidades que surgem como agravantes. A cada cinco pessoas com diabetes ou pressão alta, respectivamente, três e duas serão afetadas pela doença renal crônica. “Essas duas causas são responsáveis por 70% de pacientes que fazem diálise ou necessitam de transplante no mundo. A progressão da doença renal crônica leva a resultados graves. No Brasil, segundo dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia, enfrentamos um desafio significativo com cerca de 155 mil pessoas em tratamento diálico, a doença segue crescendo de maneira exponencial, muitas vezes, chamamos de uma epidemia silenciosa, com cerca de 40 mil novos casos a cada ano”, argumentou o presidente da Renal Vida.
As 867 clínicas de diálise no Brasil estão concentradas em apenas 7% das cidades. “Os pacientes tendo que viajar horas para ter a possibilidade de fazer de três a quatro horas de sessão de diálise ao menos três vezes na semana. A diálise é uma necessidade contínua e vital, pois salva vidas e gera a esperança a mais de 155 mil pessoas. Atualmente no Brasil, mais de dois mil pacientes encontram-se internados nos hospitais por falta de vagas nas unidades, sem dúvida necessitando de investimento”, explicou.
Por outro lado, os avanços tecnológicos vêm propiciando um novo rumo aos tratamentos podendo retardar a progressão da doença renal crônica, potencialmente evitando a necessidade de diálise ou transplante. “É crucial que trabalhemos na prevenção e na implementação de políticas públicas que ofereçam essas novas terapias e tecnologias no Sistema Único de Saúde”, comentou.
Quando o quesito é doação de órgãos Santa Catarina é um grande exemplo ao Brasil. “Nos últimos 17 anos lideramos e tivemos destaque. Ainda assim a nossa lista cresce gradativamente. O nosso estado conta com 1.403 pacientes em fila de espera, metade desses pacientes esperando por um rim”, afirmou. Em relação a Blumenau, os dados também são muito positivos. “Blumenau possui um programa de transplante muito ativo, abrangendo rins, fígados, pâncreas, coração e córneas. Essa dedicação resultou até mesmo em uma Lei Estadual como capital de transplantes, o que muito orgulha todos os profissionais de medicina”, avaliou, ainda citando os registros de transplantes no Hospital Santa Isabel: 2.184 voltados a causa renal, 1.708 de fígado, 74 de coração, 143 de pâncreas/rins e 178 de córneas.
Na conclusão da sua fala na Tribuna Livre, o Dr. Luís Cláudio citou evento a ser realizado nesta quarta-feira, dia 27, intitulado “Orgulho de salvar vidas”, que acontecerá das 9h às 17h, na Estação Unifique (próximo a Prefeitura de Blumenau), com o propósito de conscientizar e informar as pessoas. “O transplante salva e transforma vidas. Esse ato de extrema generosidade se transforma em esperança para muitas pessoas”, finalizou.